De acordo com o CEO do ManpowerGroup no Brasil, o país vive
um paradigma com sua força de trabalho
Por Luísa Granato
O Brasil ficou em 61º lugar no ranking global Total
Workforce Index do ManpowerGroup. Segundo Nilson Pereira, presidente no Brasil
da consultoria de gestão de pessoas, o país vive um paradigma com sua força de
trabalho.
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“O Brasil acaba tendo pessoas com curso superior, mas em
áreas que não têm mais a demanda. Onde há necessidade de mão de obra, em áreas
técnicas, existe escassez. A falta de habilidades técnicas é nosso grande
desafio e maior gargalo que existe no Brasil”.
O ranking avalia dados abertos do governo e de outras
pesquisas relacionados e analisa mais de 200 fatores em 76 mercados. O índice
leva em consideração quatro principais categorias: disponibilidade de mão de
obra, regulação, eficiência de custos e produtividade.
Os resultados são usados por empresas para ajustar suas
estratégias de RH em locais onde querem expandir sua operação. Além falta de
talentos em comparação com outros locais, o levantamento também coloca que uma
desvantagem do país é a alta complexidade da legislação trabalhista.
“Para o mercado internacional, os profissionais brasileiros
ainda são vistos como mais flexíveis e mais empreendedores. Essa disposição de
flexibilidade é algo que se busca muito nas empresas. Pelo peso do Brasil na
região, as empresas internacionais sabem que precisam ter presença aqui para
entrar no grande mercado local”, explica o CEO.
Do lado os trabalhadores, o índice da consultoria pode ser
uma guia para a busca de emprego. Para o CEO, ao observar o que falta na
região, o profissional pode correr atrás dessa formação para se tornar mais
competitivo no mercado.
“Uma habilidade que falta no país pode ser um fator
decisivo para as empresas. Como estar apto para trabalhar em home office ou se
comunicar em outro idioma”, diz ele.
Segundo a pesquisa, apenas 5% da força de trabalho
brasileira tem proficiência no inglês.
Confira os 10 países no topo do ranking:
1º Estados Unidos
2º Nova Zelândia
3º Canadá
4º Irlanda
5º Reino Unido
6º Países Baixos
7º Suécia
8º Dinamarca
9º Hong
Kong
10º
Singapura
Home office
O executivo vê um desequilíbrio no mercado de trabalho, com
alguns setores com alta demanda, principalmente o e-commerce e logística, e
outros que ainda estão em crise e não conseguiram se recuperar antes da segunda
onda de covid-19.
Assim, o momento econômico impede uma visão clara de como
ficará o mercado de trabalho após a pandemia. Segundo ele, a maior parte das
empresas deve caminhar para um modelo híbrido, pois apresenta ganhos para o
lado do empregado e do empregador.
“A gente precisa de uma economia mais equilibrada para
realmente saber o quanto isso vai perdurar. Ainda assim, sabemos que somente
10% das funções no país são elegíveis para home office, a maioria dos
trabalhadores ainda está dentro da indústria, nas linhas de produção e em
contato com clientes”, comenta ele.
No contexto atual, Pereira acredita que a quebra de
paradigma sobre o novo modelo de trabalho deve perdurar e virar um desejo para
os profissionais. Vagas com a opção de flexibilidade serão mais atrativas,
principalmente em posições com alta competitividade por talentos.
“Não vejo uma retomada da economia, mas uma revolução de
competências. É como desligar o computador e fazer um reboot. Ligamos de novo
com uma nova versão, estamos diante de uma nova realidade. Quando passar a
crise, vamos ter que ligar as empresas e o mercado de trabalho com novas
funcionalidades e agentes diferentes”, prevê ele.
Revista Exame