Gustavo Soares
SÃO PAULO
A ação de quadrilhas
que roubam celulares e conseguem invadir contas bancárias digitais deixou
usuários em alerta e com receio de usar seus dispositivos nas ruas da cidade.
Hoje o risco
representa menos a perda do aparelho em si e mais ter redes sociais, bancos,
aplicativos de compras e emails vasculhados pelos criminosos, o que pode afetar
a vida pessoal e financeira das vítimas.
Na última semana, o
agente de talentos Bruno de Paula, 36, viralizou no Twitter ao contar como
criminosos conseguiram acessar suas contas bancárias, fazer transferências e
pedir empréstimos depois de roubarem seu celular enquanto estava num táxi.
Essa prática de
furto, chamada de "bote", acontece quando os celulares são arrancados
da mão da vítima, que geralmente está distraída e com o aparelho desbloqueado,
facilitando o acesso aos aplicativos mais visados.
A senha de
desbloqueio dos celulares (PIN, senha escrita, biometria e Face ID) é a
primeira barreira de segurança que os dispositivos oferecem, e uma das mais
importantes, mas as medidas de segurança não param por aí.
Especialistas em
segurança digital ouvidos pela Folha dividem as dicas entre antes e depois de
um possível roubo. O antes consiste em aumentar a proteção geral do aparelho,
dificultar o acesso a aplicativos e informações sensíveis e preparar o terreno
para o pior cenário; o depois consiste em reduzir os danos e evitar prejuízos
maiores.
REÚNA AS INFORMAÇÕES
COMPLETAS E GUARDE-AS EM LOCAL ACESSÍVEL
A primeira e
principal dica para agir rapidamente é destinar tempo a aprender a fazer todos
os passos sugeridos pelos especialistas, e anotar contatos, instruções e passos
necessários em um local de fácil acesso.
Por mais que as dicas
e cuidados pareçam lógicos e simples, na hora do incidente será difícil lembrar
de todas elas.
AUMENTE A PROTEÇÃO DE
SEU CELULAR
Vale a pena destinar
um tempo para descobrir como implantar estas proteções no seu sistema de
celular. Na internet há tutoriais específicos para iPhones e dispositivos
Android.
Não use a mesma senha
para acessar contas diferentes. Crie uma para cada site e aplicativo, sem
relação com informações pessoais (data de nascimento, nome da mãe) e composta
de números, letras e símbolos. Use um gerenciador de senhas para facilitar o
processo
Não deixe armazenadas
no aparelho imagens de cartão de crédito, documentos, comprovantes de endereço
e senhas de bancos, emails e sites
Sempre use uma
proteção para desbloquear o celular, seja por PIN (sequência numérica), senha
escrita, biometria ou reconhecimento facial
Diminua o tempo de
bloqueio automático de tela. Quanto menor, maior sua segurança
Ative a opção de
inserir senha quando um app é acessado. Assim, mesmo se o dispositivo for
roubado estando desbloqueado, será possível evitar a exposição de informações
sensíveis
Ative a senha do seu
chip. Se a função for ativada, será necessário digitar essa senha toda vez que
o usuário ligar o telefone ou colocar o chip em outro aparelho
Guarde aplicativos
com informações sensíveis em pastas seguras ou deixe-os ocultos
Guarde em um lugar
seguro ou memorize o login e senha das contas Google (Android) e iCloud (iOS)
para poder acessar os dispositivos remotamente
Habilite um segundo
fator de autenticação em todos os serviços disponíveis, mas não tenha o email
de recuperação de senhas cadastrado no app do celular
Desative o conteúdo
de notificações de SMS e email na tela de bloqueio, para que não sejam exibidas
informações de recuperação de senha, tokens e códigos de validação
Aprenda como bloquear
e apagar remotamente seu aparelho. Em iPhones, isso pode ser feito no iCloud;
em dispositivos Android, podem ser usados os serviços do Google
Escolha alguém de
confiança para ter acesso ao sistema de bloqueio remoto do celular para
apoiá-lo em caso de roubo ou furto
Reduza o limite
individual e diário das suas transações financeiras (Pix principalmente) e siga
recomendações de segurança de sua instituição financeira
Mantenha backups e
aplicativos atualizados
EVITE PREJUÍZOS CASO
O DISPOSITIVO SEJA ROUBADO
Prepare-se
previamente para as operações abaixo. Entre em contato com operadora e bancos
para checar contatos e informações que podem vir a ser necessárias e guarde
essas instruções em local acessível (em papel ou numa nuvem que possa ser
acessada rapidamente, por exemplo)
Entre em contato com
a operadora para que seu chip seja bloqueado. Para permitir esse passo, procure
já a operadora, informe-se sobre como pedir o bloqueio do chip e mantenha essas
informações em local acessível (nunca no seu celular, obviamente)
Apague os dados do
seu celular remotamente. Assim, o dispositivo ficará inutilizável e todas as
informações serão apagadas na próxima vez que ele for conectado à internet.
Prepare-se previamente estudando como fazer essa limpeza remota e anotando as
instruções em local acessível
Contate o suporte dos
bancos para bloquear o acesso a contas e cartões. Informe-se previamente com o
banco sobre os contatos e os passos necessários, e registre as informações em
local acessível
Altere senhas e
emails de recuperação das redes sociais
Avise amigos e
familiares
Registre o boletim de
ocorrência para que o Imei (Identificação Internacional de Equipamento Móvel,
uma espécie de CPF do aparelho) seja bloqueado. Para isso, verifique
previamente o Imei do seu aparelho e registre-o em local acessível. Esse código
está anotado na caixa do aparelho, mas também é possível recebê-lo digitando o
código *#06# no teclado do telefone, como se estivesse fazendo uma ligação. O
número aparecerá na tela.
Fontes: José Luiz
Santana, diretor de cibersegurança do C6 Bank, Thiago Bordini, diretor de
inteligência cibernética da Axur, e Emilio Simoni, executivo-chefe de segurança
da PSafe.
Folha de São Paulo