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Nova geração de medicamentos antiobesidade oferece periodicidade e perdas maiores

Tirzepatida e MariTide, ambos com emagrecimento médio na casa dos 20% ao ano, são os mais aguardados para 2025

Danielle Castro
Ribeirão Preto


A nutricionista Bruna Nunes Magesti, professora da pós-graduação da Faculdade Caduceu e doutora em enfermagem pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), reforça que há mais novidades para a obesidade e sobrepeso em desenvolvimento.

A fabricante do Wegovy, por exemplo, já está na segunda fase de uma pesquisa que combina semaglutida com cagrilintida, a CagriSema (sem nome comercial definido).

"Em pacientes com diabetes tipo 2, levou a uma redução significativa nos níveis de glicose no sangue e à perda de cerca de 16% do peso corporal", destaca Magesti.

A empresa, porém, espera resultados mais rápidos que os da semaglutida e aponta que há potencial no CagriSema 2,4 mg para reduções maiores do peso corporal ao longo do tratamento.

A Novo Nordisk tem desenvolvido ainda, em formatos oral e injetável, a amicretina (também sem nome comercial definido até o momento). Essa medicação reduziu, na fase de estudo, em média, 13,1% do peso corporal dos pacientes ao longo de 12 semanas.

"Da mesma maneira que nossos medicamentos à base de liraglutida (Saxenda) e de semaglutida (Wegovy) revolucionaram o tratamento da obesidade ao oferecer uma abordagem farmacológica mais eficaz e segura, nossas pesquisas e inovação nesse segmento estão a todo o vapor com as moléculas Cagrisema e Amicretina", afirma Marcela Caselato, diretora de assuntos médicos da Novo Nordisk no Brasil.

O orforglipron, da Eli Lilly, por sua vez, combina múltiplos hormônios intestinais, como GLP-1, GIP e glucagon. "Essas medicações visam oferecer melhores resultados em perda de peso, com alguns testes mostrando reduções superiores a 25% do peso corporal e eles têm potencial para facilitar o tratamento ao serem formulados como comprimidos, eliminando a necessidade de injeções", afirma Magesti.

A combinação de GLP-1 e glucagon é foco de outros medicamentos inovadores, criados por diferentes empresas, como o survodutide, que na fase 2 de testes indicou redução de peso entre 15% e 20%.

"Os estudos ainda estão em andamento, e maiores perdas de peso podem ser observadas à medida que avançam. [Tem ainda] o pemvidutide, também combinando GLP-1 e glucagon, que está sendo investigado para o tratamento da obesidade e da doença hepática gordurosa", destaca Magesti.

O pemvidutide até o momento promoveu perdas de peso entre 10% e 20%, sendo que cerca de um terço das pessoas na dose mais alta alcançou redução superior a 20%.

A era Ozempic acaba de ganhar novos capítulos com a chegada de uma outra onda de medicações sintéticas que ajudam o corpo a se sentir saciado e emagrecer. Além de perdas que alcançam, em média, 23%, esses produtos surgem como versões otimizadas, com efeito prolongado e até doses injetáveis mais espaçadas.

Para 2025, o destaque nos consultórios médicos promete ser o Zepbound, versão para tratamento de obesidade do antidiabético Mounjaro. Fabricado pela farmacêutica Eli Lilly, a medicação tem como princípio ativo a tirzepatida e provoca reduções médias anuais de peso de 22,9%.

O índice é sete pontos percentuais maior que os já revolucionários 15,8% de redução de massa corporal provocados pela semaglutida, base do Ozempic (diabetes) e do Wegovy (obesidade), ambos da Novo Nordisk.

Na mesma linha, mas ainda em fase de estudos, há também o MariTide, da Amgen, que permitiu até 20% de decréscimo ponderal em um ano.

O médico Antonio Carlos do Nascimento, doutor em endocrinologia e metabologia pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e coordenador do Núcleo de Obesidade da Secretaria de Saúde de Santo André (SP), diz que a nova geração de remédios, além de eliminar mais quilos, traz praticidade.

"Se o MariTide não ultrapassa o tirzepatide na média de emagrecimento, aproxima-se muito, e, se preencher os critérios de segurança e eficácia nas próximas fases de seu estudo, irá para as prateleiras carregando a vantagem de ser injetável de uso mensal", destaca Nascimento.

Em nota divulgada em 26 de novembro, a Amgen declarou que a segunda fase de testes do MariTide "demonstrou até 20% de perda média de peso em 52 semanas sem um platô de perda de peso em pessoas vivendo com obesidade ou sobrepeso."

A medicação "é o primeiro tratamento para obesidade com dosagem mensal ou menos frequente" a demonstrar-se segura e eficaz em um estudo de fase 2.

Diferente dos princípios do Wegovy e do Zepbound, que simulam o hormônio do intestino GLP-1, a droga da Amgen é um anticorpo de peptídeos chamado de maridebart cafraglutide (ou AMG 133), também ligado aos receptores de GLP-1, mas com efeito prolongado no corpo.

Nas ruas em 2025
O Zepbound, já liberado nos EUA em injeção semanal, tem previsão de venda no Brasil até o segundo trimestre de 2025. "Quando provavelmente já terá consentimento da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] para seu uso com objetivo emagrecedor", projeta o endocrinologista.

A tirzepatida, para Nascimento, é o medicamento antiobesidade mais aguardado no país, devido à "magnitude de seus resultados" em comparação com "seus pares injetáveis já existentes, a liraglutida (Victosa, Saxenda, para diabetes e obesidade, respectivamente) e a semaglutida (Ozempic, Wegovy)".

"A tirzepatida oferece eficácia no controle glicêmico e promove perda média de peso de 22,9%, enquanto a semaglutida, também de aplicação semanal, promove 15,8%, e a liraglutida, injetável de uso diário alcança apenas 6,8%", analisa o médico.

Genéricos
O médico Bruno Halpern, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), lembra que os genéricos que podem chegar ao Brasil em 2025 também representam um novo panorama.

O presidente da Abeso afirma que a expectativa é que o genérico da liraglutida possa ser liberado neste ano, com um preço mais acessível que o remédio original.

"A liraglutida é uma medicação que perdeu a patente, porém, os genéricos [desse composto] precisam de uma liberação especial da Anvisa, porque tem um método de fabricação diferente, são medicamentos sintéticos", explica Halpern.

"A liraglutida é um tratamento da obesidade cuja eficácia é um pouco menor, metade da semaglutida, mas é uma boa medicação, que tem boa segurança. Eventualmente uma redução de custos pode permitir com que uma porção maior da população brasileira tenha acesso", completa.

Jornal Folha de São Paulo

Página:

https://www.sindfesp.org.br/noticia/home/2025/01/03/nova-geracao-de-medicamentos-antiobesidade-oferece-periodicidade-e-perdas-maiores/691.html