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Tarcísio turbina balanço, cita parceria com Lula e só resvala em vidraças do governo
Governador inclui valor de obras privadas ao falar que atraiu investimentos e ignora crise da segurança
Bruno Ribeiro e Victória Cócolo
São Paulo
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez nesta quarta-feira (18) um balanço de seus dois primeiros anos de mandato em que turbinou o valor de investimentos feitos no estado, destacou parceria com o presidente Lula (PT) e deixou de fora temas espinhosos, como violência policial e a cracolândia.
A apresentação no Palácio dos Bandeirantes para seus secretários, assessores técnicos e jornalistas durou cerca de duas horas.
O governador também não falou sobre temas como política ou de seu futuro eleitoral —tido como um possível candidato à Presidência em 2026, ele afirmou no domingo (15) que pretende disputar a reeleição no estado.
apresentação foi feita com apoio de um telão para que Tarcísio exibisse os números que ele e sua equipe quiseram destacar. O governador chegou a falar que, em dois anos, atraiu "R$ 780 bilhões em investimentos" para o estado.
O número, segundo Tarcísio, refere-se a contratos de Parcerias Público-Privadas (PPPs) assinados por seu governo e investimentos privados feitos em obras privadas, mas que o governador optou por destacar pelo fato de gerarem emprego.
"Há dois anos, temos procurado tornar a gestão mais eficiente, impulsionar o desenvolvimento socioeconômico e fazer a diferença. Estamos trazendo investimentos como nunca antes, quebrando recordes", disse.
Segundo dados da Secretaria da Fazenda de São Paulo, somando os anos de 2023 e 2024, o governo paulista efetivamente investiu R$ 28,1 bilhões no Estado. Tarcísio, que não citou tal dado em seu balanço, prometeu que, apenas no ano que vem, esse investimento será de R$ 33,5 bilhões.
Ainda falando de investimentos, Tarcísio mencionou o presidente Lula ao falar de uma das obras que estão em sua lista de promessas, a construção do túnel Santos-Guarujá, objeto de um acordo entre os dois dirigentes públicos no ano passado.
O governador disse que, na última vez que encontrou o petista, Lula perguntou sobre o projeto para a construção do túnel que ligará as cidades. "Temos condições de publicar o edital em fevereiro, nessa parceria entre o governo do estado e o governo federal", disse Tarcísio.
O balanço do governador citou ainda a construção de 30 escolas estaduais espalhadas pelo interior do estado, cujas obras estão em andamento e a promessa de mais 33 colégios, por meio de PPPs.
Tarcísio se emocionou ao falar de um programa que custeia intercâmbio para alunos com bom desempenho em ensino de inglês, que deve enviar os primeiros 500 estudantes para o exterior no mês que vem.
Quando falou sobre saúde, citou o aumento de 20% em procedimentos cirúrgicos, chegando a 1,2 milhão neste ano e a reabertura de 8.000 leitos médicos.
Contudo as vidraças de sua gestão só foram visitadas à distância durante o evento desta quarta-feira.
Tarcísio seguiu a cartilha usada pelos governos tucanos para tratar da segurança pública, destacando a redução dos índices de homicídios no estado, "mais baixos do que os Estados Unidos", e destacou a contratação de 7.800 novos policiais.
O governador, porém, não detalhou nenhuma ação preventiva de sua gestão para coibir casos de corrupção policial, como os revelados em uma investigação da Polícia Federal que prendeu um delegado nesta terça-feira (18), nem ações para reduzir a letalidade policial e a série de casos de abuso de agentes que vieram à tona em seu governo.
"Nós temos uma excelente polícia. Infelizmente, há desvios de conduta que serão severamente punidos", disse o governador, ao responder uma pergunta sobre o tema, após a apresentação. "Não vamos passar pano em nada. Tolerância zero de desvio de conduta."
Ainda durante a apresentação, ele agradeceu nominalmente todos os secretários presentes, sobretudo à da pasta de Infraestrutura e Meio Ambiente, Natália Resende, a quem teceu mais elogios no palco.
Aliados de Tarcísio especulam que, caso o governador viesse a deixar o cargo em 2026 para disputar a Presidência, ela seria sua favorita para sucedê-lo na eleição do estado.
A Folha conversou com secretários do governo sobre uma possível troca de nomes no primeiro escalão de Tarcísio no ano que vem. Eles afirmam que não há conversas sobre o tema.
Jornal Folha de São Paulo